“O líder de segurança tecnológica está sentado no board?”, “Você sabe como seus executivos percebem a área de segurança?”, “Onde está o maior risco da sua empresa?”, “Quão preparado você está para reagir?”, “Que parte da sua empresa não pode parar de jeito nenhum em um ataque?”. São perguntas básicas, mas que boa parte dos presidentes de empresas brasileiras não sabe responder e mostra a vulnerabilidade a ataques hackers. Uma pesquisa da Accenture mostra que apenas 51% das empresas percebem que precisam aprimorar seus sistemas de segurança. E esse percentual era muito menor segundo a diretora de proteção de dados da Accenture, Vanessa Fonseca, e que é a autora das perguntas no início do texto. Ela diz que o percentual só cresceu depois da enxurrada de ataques com a pandemia e a adoção de home office.
Notícias como a da gigante JBS, que teve unidades paralisadas nos Estados Unidos por conta de sequestro de seus sistemas, também ajudam a conscientizar um pouco mais os empresários. Mas os presidentes e donos de empresas também precisam estar conscientes de suas responsabilidades com a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). As empresas são obrigadas a cuidar dos dados de seus clientes e reportar qualquer vazamento de dados de clientes e a partir de agosto estarão sujeitas a multas milionárias. “A empresa tem que ser brilhante no básico ao cuidar da sua segurança cibernética. Um exemplo, duplo fator na senha é básico”, diz Vanessa em referência ao ataque ao maior oleoduto americano que estava vulnerável por conta de uma senha simples. Os líderes das empresas também precisam saber que esta não é uma tarefa do “rapaz do TI”.
Comentário de Letícia Avelar Machado
O estudo citado pela Revista Veja, realizado pela empresa de consultoria de gestão e tecnologia Accenture, datado de 2018, discute um fenômeno denominado “fragmentação digital”. Trata-se do oposto da chamada globalização digital, ou seja, a criação de barreiras à livre circulação de dados no mundo.
Conforme aponta a pesquisa, esse fenômeno fica claro quando se observa “quadruplicação de medidas comerciais restritivas adotadas pelos membros do G20 desde a crise financeira global, passando de 324 em 2010 para 1.263 em 2016”, bem como a “triplicação nas últimas duas décadas do número de países com leis de privacidade de dados, de 34 em 1995 para mais de 100 em 2015”.
De fato, diante desses números, não há como negar a importância em tratar a proteção de dados como variável de negócios em nível mundial, fator que vai além da área de TI e passa a permear todo o corpo de uma empresa, em especial a alta direção, responsável pela tomada de decisões estratégicas.
O Brasil, inevitavelmente, não é exceção nesse cenário e agora, com a introdução da LGPD, mais do que nunca se faz necessária a conscientização da alta administração das empresas nacionais para que se promova um ambiente corporativo compatível não apenas com a lei de dados, mas com a preservação da privacidade de dados em nível interdisciplinar e internacional.
Fonte: Veja
Link: https://bit.ly/2SZV6IY